Maise Soares, estudante do Curso de Engenharia de
Energias na Unilab conta como está sendo sua experiência no Canadá, desde
outubro de 2013, através do programa Ciência sem Fronteiras.
Fale
um pouco sobre você
Meu nome é Maise, sou estudante de Engenharia de
Energias na UNILAB e estou vivendo no Canadá.
UNILAB.
Como se deu a escolha da universidade e do curso?
Sou eletrotécnica formada pelo IFCE/Fortaleza.
Trabalhei por quatro anos com design de linhas de transmissão para interligar
parques eólicos a rede elétrica, o que em partes explica minha escolha pelo
curso: energia renovável, um dos mercados mais promissores da atualidade,
pensado e desenvolvido para gerar energia com um pequeno impacto socioambiental,
se comparada a formas convencionais de geração.
A UNILAB se apresentou, dentre as minhas opções, como
a melhor escolha. Uma universidade que foi criada com a proposta de
interdisciplinaridade e que oferecia exatamente o curso que eu procurava. Outro
aspecto que me chamou atenção foi a possibilidade de convivência com estudantes
de diferentes nacionalidades. Acreditei e ainda acredito que a UNILAB, além de
formar bons profissionais, será capaz de formar cidadãos que respeitam as
diferenças.
Como
ficou sabendo do Ciência sem Fronteiras?
O Ciência sem Fronteiras foi amplamente divulgado pelo
MEC. Alguns estudantes não puderam se inscrever na primeira chamada pois a
Universidade ainda não havia aderido ao programa. Num esforço conjunto que
envolveu o coordenador institucional do Ciência sem Fronteiras na UNILAB à
época, Fábio Paulino de Oliveira e a professora Dra Artemis Pessoa, fez com que
a universidade aderisse ao programa e então pudemos nos inscrever.
Qual
universidade/cidade/país você está? E qual a duração do intercâmbio?
Minha instituição no Canadá chama-se Sault College of
Applied Arts and Technology, localizada na cidade de Sault Ste. Marie na
província de Ontário - Canadá. Meu intercâmbio teve a duração de 18 meses.
Inscrição
no CsF: explique como foi o processo de seleção
Primeiramente, todos os alunos da UNILAB haviam se
inscrito para fazer o intercâmbio em Portugal, mas devido ao grande número de
inscritos a chamada foi cancelada e os alunos foram convidados a aplicar para
outro país cuja língua não fosse Português. Para tanto o MEC estenderia nossa
estadia no país de destino por mais 6 meses, dependendo dos pontos alcançados
na prova do TOEFL – ITP, para países de língua inglesa.
A nossa chamada foi um caso atípico e por isso
enfrentou algumas dificuldades e atrasos. No Canadá, existem 3 associações de
instituições de ensino (ACCC, CBIE e CALDO). Os estudantes inscritos foram
distribuídos entre as universidades parceiras de cada associação. Não foi
possível escolher a universidade de destino. No formulário podíamos indicar
apenas a área de interesse, porém como disse anteriormente nossa chamada foi um
caso particular, normalmente os estudantes indicam 3 universidades de
interesse.
Após a escolha do país e de preencher o formulário com
as áreas de interesse, iniciou-se o período mais difícil: à espera da carta de
aceite. Foram 5 meses de espera para finalmente saber onde fui alocada e quando
deveria iniciar meus estudos.
Relate
para nós como foi o período de adaptação
A maior dificuldade para um aluno que escolhe Canadá
como destino é sem dúvida o clima. No dia da viagem, Fortaleza marcava algo
perto dos 30 graus, na chegada a Sault os termômetros marcavam 2 graus, e era
apenas outono. A cidade tem um inverno muito rigoroso com temperaturas chegando
a 40 graus negativos, acumulação de 4 metro de neve e frequentes tempestades de
neve, só que, diferente do que pensávamos, tudo funciona mesmo em dias assim.
Com relação as diferenças culturais, o maior desafio é
desconstruir a visão negativa a respeito de países subdesenvolvidos que algumas
pessoas têm e entender que o Canadá, como qualquer outro lugar do mundo, tem
problemas. Isso ou meu ver é positivo visto que muitos estudantes saem do
Brasil achando que tudo fora funciona perfeitamente e que somos totalmente
obsoletos, o que não é verdade. Precisamos aprender a valorizar o que temos e a
lutar por um país com mais oportunidades sem, portanto, diminuir o que temos de
bom.
A
língua. Quais os desafios e superações?
A barreira linguística foi enorme no início, mas
sempre encontrei pessoas dispostas a ajudar. É um exercício de superação
diário. Em 6 meses ou mesmo em um ano e meio é impossível dominar totalmente
uma língua, isso é fato. Situações
cotidianas como comprar comida, pedir informação, achar um produto no
supermercado se tornam complicadas. Mas o tempo, a dedicação e ajuda das
pessoas tornam tudo possível. Eu tenho plena consciência da minha evolução
desde o dia da minha chegada e tenho consciência também que posso melhorar e
aprender muito mais. Ao passo que a
língua é “dominada”, acredito que o sentimento de segurança aumenta muito.
Segurança para realizar tarefas diárias, segurança para se deslocar mais
livremente, segurança de que se algo acontecer você conseguirá pedir ajuda ou
ajudar alguém.
Como
é o seu dia a dia na universidade?
O dia a dia parece um pouco com o dia a dia no Brasil.
O que é extremamente diferente é que as pessoas de cada curso podem ser
identificadas pelo jeito que se vestem ou se comportam e isso é muito estranho,
sempre achei que os filmes exageravam. Minhas aulas geralmente iniciam as 9:00
da manhã com intervalo de almoço variando entre meia hora e uma hora e se
encerram por volta das 4:30 da tarde.
Os alunos são muito estimulados a participar
ativamente de atividades do college. Existem atividades que visam integrar os
alunos internacionais com os canadenses e com a comunidade de uma forma geral.
São oferecidos serviços semanais para a comunidade universitária, serviços estes
resultados dos cursos ofertados na instituição (Spa, cabeleireiro, terapia com
cachorros, massagem, fisioterapia, etc). Não existe RU, os alunos geralmente
levam comida de casa, compram na cafeteria (ondem existem 2 microondas),
compram nas franquias de lanchonete no campus ou ainda na opção “gourmet” onde
as comidas preparadas pelos estudantes do curso de gastronomia são vendidas a
um preço bem atrativo.
Outra coisa interessante
é que o college fica aberto todos os dias da semana – ginásio e biblioteca
funcionam com horário reduzido apenas no domingo. É possível por exemplo
solicitar a abertura de laboratórios no fim de semana apresentando a carteira
de estudante.
Quais
as disciplinas que está cursando? Existe correspondente na grade do curso
engenharia de energias na UNILAB?
Eu estou matriculada em um curso “full-time” em
Sistema de Informação Geográfica – SIG. O curso é uma especialização de dois períodos
letivos mais estagio. Eu tive o primeiro contato com SIG na disciplina de
Geoprocessamento na UNILAB. Não existe correspondência com o curso de
Engenharia de Energias, mas é uma ferramenta que pode ser utilizada em diversas
análises, inclusive na área de Energias. A título de exemplo em uma das
disciplinas - Independent GIS Project -
cursadas no segundo período eu escolhi criar um modelo que me
permitisse, de acordo com certos parâmetros, identificar áreas apropriadas para
a construção de parques eólicos. Outros 3 projetos foram feitos nas áreas de
Energia e/ou Meio Ambiente. Antes de
escolher esse programa eu pedi conselhos aos coordenadores de curso e área –
Cicero Saraiva Sobrinho e George Leite Mamede – que me aconselharam escolher o
programa em SIG.
Quais
as diferenças nos métodos de ensino?
Diferente de universidades, o college tem um caráter
mais prático e voltado para resolver questões cotidianas. Tudo que se ensina é
voltado para resolução de algum problema real. O foco na universidade ao meu
ver é a ciência, no college o foco é formar um profissional especializado, sem
aprofundar tanto na teoria. Acredito que os colleges sejam uma ótima opção para
pessoas que concluíram uma graduação e querem se especializar em alguma área ou
se inserir no mercado de trabalho. A avaliação do desempenho do estudante é um
pouco diferente da nossa. O aluno é avaliado de acordo com assiduidade, tarefas
de casa, quizzes (mini testes) semanais e duas provas, correspondendo a 10, 40,
5, 20 e 25% respectivamente.
Como
está sendo a experiência?
Positiva em todos os aspectos. Estudar em outra língua
e obter êxito foi um dos maiores desafios da minha vida, um desafio que me fez
sentir capaz de realizar muito mais. A experiência cultural também foi gigante.
Conviver com pessoas de quase todos os estados do Brasil e estudantes de todos
os cantos do mundo foi muito gratificante. Criar laços com essas pessoas, com a
cidade, arriscar palavras em diversas línguas, compartilhar experiências,
experimentar diferentes esportes ou comidas, viver as quatro estações do ano,
administrar meu dinheiro, administrar a saudade, gerenciar conflitos e passar
por dificuldades foram algumas das coisas que pude vivenciar nesse período no
Canadá e fazendo um balanço de tudo que aconteceu desde o dia de minha chegada,
eu posso dizer que foi uma experiência incrível.
Você
pretende fazer algo, quando voltar, para retribuir a oportunidade que o país
está lhe dando de estudar fora?
Eu sou completamente favorável a retribuir a sociedade
a oportunidade que me foi dada. Meus planos são aplicar o que aprendi de novo
aqui, no Brasil. Tenho conversado com outros colegas que também participaram do
programa para criarmos um grupo de conversação em inglês, o que pode nos ajudar
e ajudar outros alunos, porém acredito que a maior retribuição que posso dar é
incentivar outros estudantes a participarem dessa experiência.
Qual
mensagem você deixaria para os estudantes que querem participar do programa
Ciência sem Fronteiras?
Que participem, se inscrevam e se dediquem que essa
vai ser uma experiência única e inspiradora que só tem a acrescentar na vida
deles.
Agradecimentos
Durante todo o processo, muitas pessoas me ajudaram e
foram de suma importância para essa experiência, algumas delas talvez nem
saibam o quão importante foram:
Fábio Paulino de Oliveira pelo empenho em aderir ao
programa, pelos conselhos e horas de conversa.
Aos coordenadores de curso e instituto, Cicero Saraiva
Sobrino e George Leite Mamede, por estarem sempre disponíveis nas mais diversas
situações.
A todos os professores do curso de Engenharia de
Energias, especialmente às Professoras Ada Amélia Sanders e Artemis Pessoa
Guimarães, pelo enorme incentivo.
Ao ex-Coordenador do CsF e ex-Professor da Unilab
Vilmar de Souza, que passou conosco por todo o doloroso processo de espera e
que foi de uma paciência singular.
À Professora Ana Cristina Cunha, que fez o Canadá
parecer a melhor opção e estava certa.
À Professora Vera Rodrigues que no dia do meu embarque me disse palavras
inspiradoras no aeroporto.
Ao atual Coordenador do CsF na Unilab, José Sérgio
Amancio de Moura, pela disponibilidade e atenção de sempre.
Muito Obrigada!
Por Jaqueline Viana
Centro de Línguas/ Ciência sem Fronteiras/ Idiomas sem Fronteiras - Unilab
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